Psicose – Uma visão médico-espírita

– Trabalho apresentado no I Congresso de Saúde e Espiritualidade de MG, em agosto de 2006, na sede da Associação Médica de MG, em Belo Horizonte, MG. Carlos Eduardo Sobreira Maciel

1- O objetivo deste trabalho é a ampliação da  compreensão da  patologia psicótica através da aproximação dos conhecimentos médicos e espíritas, e assim demonstrar como a Doutrina Espírita pode desembrutecer a psiquiatria.

“O espiritismo e a ciência se completam reciprocamente; a ciência, sem o espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao espiritismo, sem a ciência, faltariam apoio e comprovação” kardec  (“A Gênese”, pág 20)

2- Psicopatologia: (o que é psicose?)

n  Literatura médica – Segundo os tratados de psiquiatria, psicose é um grave transtorno mental, caracterizado por um processo de ruptura na linha de vida do paciente com profundas alterações das suas funções psíquicas.

n  Faces do transtorno psicótico – A psicose pode se manifestar de diversas formas, como transtornos afetivo bipolar, esquizoafetivo, paranóia, esquizofrenias, etc.

n  Sinais e sintomas : manifestações das funções psíquicas alteradas.

àfunções psíquicas alteradas : alterações do pensamento delírios; eco do pensamento; inserção ou roubo do pensamento; irradiação do pensamento; interceptações no curso do pensamento resultando em discurso incoerente,  neologismos; alterações da percepção: alucinações- auditivas, visuais, cenestésicas, cinestésicas, gustativas, olfativas, táteis; alterações afetivas: embotamento, inadequação, labilidade; alterações comportamentais: catatônicas, tais como excitação,  flexibilidade cérea, negativismo, mutismo; bizarrices; risos imotivados; solilóquios; alterações das características da “consciência do Eu”, funções psíquicas que dão à pessoa normal um senso de individualidade, unicidade e de direção de si mesmo.

3 – Psicopatologia:

n  Literatura espírita:

àMentor Carlos (orient.med. 11.11.02)- nos arquivos da AMEMG, temos Carlos explicando que o pensamento delirante é construído a partir de uma regressão do ser em desequilíbrio  às fases mais primitivas da infância, como observamos em hebefrênicos com sua puerilidade, ou a situações mais remotas como vemos nos paranóicos e seus delírios sistematizados que muitas vezes são lembranças reencarnatórias do indivíduo.

4 – Psicopatologia

àMentor Homero (orientação mediúnica 09.09.02): segundo Homero, as alucinações tem 2 origens. O conteúdo alucinatório pode ser fruto do inconsciente do paciente que se reporta às suas vivências passadas ou são pesadelos, imagens oníricas do processo de alienação sem ligação com experiências passadas. As alucinações mais ricas tanto em detalhes quanto numa construção aparentemente lógica estariam no primeiro grupo. Enquanto que, os processos muito desagregados estariam no segundo. Aqui devemos nos lembrar do conceito pobre de alucinação – percepção sem objeto. O paciente ouve ou enxerga o seu próprio inconsciente!

5 – Etiopatogenia:

–  Literatura médica

-Genoma (Nos últimos anos o seqüenciamento de nosso genoma tem representado um passo essencial no entendimento da biologia humana e estudos recentes demonstraram que há pelo menos 27 genes ou regiões genômicas possivelmente associadas com a esquizofrenia. Portanto a ciência chegou até o material genético, no núcleo de nossas células e identificou ali, possíveis causas da psicose. Esta predisposição genética em um indivíduo previamente sadio, faria com que em determinado momento de sua vida, em determinada circunstância, que chamamos de desencadeante.

-Distúrbios neuroquímicos: certas áreas cerebrais sofreriam distúrbios em seus neurotransmissores à dopamina, serotonina, dentre outros à Psicose)

6 – Etiopatogenia:

n  Literatura espírita:

-Mentor Carlos (orientação mediúnica 29.07.02): Carlos nos convida a lançarmos o nosso olhar mais além para descobrirmos que há uma etiopatogenia espiritual.

Explica que a causa da psicose antecede a composição genética, segue pelas reencarnações anteriores, onde o indivíduo agiu com crueldade, repetidas vezes, criando um campo psíquico propício para o surgimento da psicose.

7 – Etiopatogenia:

– Dr. Bezerra de Menezes (Loucura e Obsessão): explica o mecanismo através do qual  a psicose é formada naquele campo propício (de Homero) ponte entre a causa (Homero) e defeito genético (ciência).

Explicação para aquilo que está sendo descoberto pela genética. A consciência desencarnada repleta de culpa imprime no perispírito os remorsos ( marca o DNA)à perturbando o SNC (distúrbio neuroquímico ).

8 – Prognóstico:

–  Literatura médica:

– Prognóstico geralmente mais grave do que os outros quadros psiquiátricos,

– Evolução – tendência a cronificação, com déficit cognitivo,

– Agudização – crises que geralmente necessitam de internação.

9 – Prognóstico:

–  Literatura espírita

à A explicação para tal gravidade em relação às outras patologias psiquiátricas está no fato de que há lesão de estruturas mais sutis do perispírito, corpo mental, ao passo que nas depressões, fobias e outras , temos lesão de corpo emocional.

10 – Psicose e obsessão espiritual:

# Fronteiras divisórias entre os episódios psicopatológicos e os obsessivos. O espírito Manoel Philomeno De Miranda, no livro “Loucura e Obsessão”, esclarece que o Espiritismo não nega a loucura, mas o mentor chama a atenção para a necessidade de melhor identificarmos as fronteiras divisórias entre os episódios psicopatológicos e os obsessivos.

Dentro desta perspectiva devemos sempre considerar a comorbidade loucura e obsessão e ainda os quadros de obsessão pura.

-Caso clínico (HEAL): rapaz de 19 anos, com crises de agitação psicomotora e heteroagressividade, intercaladas com períodos de plena sanidade mental. Não se caracterizou como quadros médicos puros. Detectada grave obsessão, subjugação com mudança na tonalidade da voz e na força física do obsediado.

-Caso clínico (Loucura e Obsessão):  Paciente portador, segundo os médicos, de esquizofrenia catatônica. Dr. Bezerra De Menezes, no plano espiritual, examinou o paciente, mergulhando nos arquivos perispirituais, elucidou que o diagnóstico psiquiátrico era exato. Esclareceu ainda que havia além da doença, processo de resgate de faltas graves, a presença de alguns adversários espirituais que se lhe vinculavam, como cobradores impenitentes.

# Doença mental como antena emissora e receptora – O que se observa é que há casos de obsessão pura aparentando psicose, mas  é altíssimo o índice de obsessão espiritual em casos de psicose.         Encontramos uma explicação para a grande incidência de patologias mentais concomitantes às obsessões espirituais em um artigo do Dr Roberto Lúcio, na revista Delfos: “… a obsessão é um processo de afinidade mental negativa e o portador de doença mental é sempre uma antena estragada que atrai entidades espirituais doentias para si…”.)

11 – Tratamento:

–  Biológicos;

– Psicofármacos – realizado com medicamentos que possuem ação sobre os neurotransmissores envolvidos na doença.

– Eletroconvulsoterapia – introduzida em 1938; eficácia e segurança claramente estabelecidas; controvérsia ideológica trazida pelo movimento antipsiquiátrico e pelos presumíveis efeitos deletérios (nunca comprovados) sobre o cérebro; consiste na aplicação de uma série de estímulos elétricos para desencadear uma crise convulsiva, com duração de 25 segundos de manifestações motoras ou 20 segundos de manifestações eletroencefalográficas com finalidades terapêuticas; riscos: a mortalidade associada à ECT é a mesma associada à anestesia geral para uma pequena cirurgia (1 morte para 10000 pacientes tratados.

–  Psicoterápico (através de recursos da psicologia e terapia ocupacional)

–  Desobsessivo

12 – Tratamento:

–  Literatura espírita

– Mentor Calderaro (No Mundo Maior): Estudos científicos mostram sua eficácia e segurança, mas não se sabe qual o seu mecanismo de ação. No livro N.M.M, Calderaro explica a André Luiz que a eletroconvulsoterapia age no perispírito reajustando os centros de força e conseqüentemente os neurônios.

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Tratamento:

à Mentor Rafael (orientação mediúnica 16.12.02): Nos fala de uma possibilidade psicoterápica através da valorização da paz e do reaprendizado do carinho e da confiança, já que trilharam o sentido oposto, num caminho que  levou à doença psicótica.

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Referências bibliográficas:

1.   CID 10, OMS, 10ª edição.

2.   Condutas em Psiquiatria, 4ª ed., ed.Lemos.

3.   Revista de Psiquiatria Clínica, volume 31, nº 1, 2004.

4.   Loucura e Obsessão, Divaldo P. Franco, Manoel P. De Miranda.

5.   Revista Delfos, ano 4, nº 18.

6.   No Mundo Maior, cap. 7, Chico Xavier, André Luiz.

7.   Orientações espirituais, Mentores da AMEMG.

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